Doses diárias de consciência verde nos Condomínios

Escrito por  Rosali Figueiredo

Mês do Dia Mundial do Meio Ambiente (comemorado em 5/6), junho traz a oportunidade de se destacar experiências de síndicos que adotam a perspectiva da sustentabilidade em suas decisões e ações cotidianas. Para o engenheiro Luiz Henrique Ferreira, toda ação, mesmo que pontual, resulta em ganhos ambientais.

Água e energia estão entre os insumos mais valiosos ao meio ambiente, bem como ao conforto e à vida humana. No dia a dia do condomínio, representam os “vilões” dos gastos de consumo, avaliam as engenheiras Ioli Kayano e Márcia Donato. Ambas fizeram parceria para implantar sistema de reuso da água da chuva e do descarte das máquinas de lavar roupa no Condomínio Paço das Rosas, onde Ioli é síndica e moradora desde 2003, ano de entrega do edifício no bairro Mirandópolis, zona Sul de São Paulo.

Engenheira civil, a síndica Iole Kayano atua na construção de prédios desde 1994. Aplicou em seu condomínio de 48 unidades aprendizados como a gestão cotidiana do consumo d’água. Quando ocorreu a crise hídrica, o condomínio já possuía medidores individualizados, além de hábitos comedidos. “Temos moradores disciplinados, conscientizados, eles fizeram toda diferença no período”, afirma Iole. Mesmo assim, foram adotadas medidas mais restritivas, como o fim da lavagem das áreas comuns, da rega dos jardins e o fechamento do salão de festas e churrasqueira. As caixas de descargas das unidades foram modernizadas com dispositivos de dois fluxos, mais econômicos.

Por último, entre o final de 2015 e o último mês de maio, o Paço das Rosas ganhou um reforço de dez mil litros de água, com a implantação de duas estações de tratamento independentes: da água da chuva e do descarte das máquinas de lavar roupa. Ambas estão instaladas nos subsolos do prédio e contemplam seis tanques rotomoldados (para a água bruta e a tratada), além de uma adequação do sistema hidráulico. A água tratada da máquina é levada para reservatórios superiores independentes, que a retroalimentam, via canalização externa junto à fachada, às áreas de serviços dos apartamentos. É uma água que não se mistura à rede potável proveniente da Sabesp, e passa por inúmeras análises periódicas, liberando seu uso para fins não potáveis.

Entre as possibilidades de uso, cada morador poderá adequar a unidade para alimentar as caixas acopladas das descargas com essa água, adaptação já realizada pela síndica Iole (Doze outras unidades aderiram ao projeto). No condomínio, tudo é pensado em termos de economia. O tratamento desta água ocorre no período noturno, quando a tarifa de energia é mais barata. O investimento no sistema foi aprovado em assembleia e rateado em 13 parcelas extraordinárias de R$ 120,00. Com tudo isso, a síndica espera que o consumo venha baixar ainda mais; hoje está inferior a 10 m3 por unidade. O Paço das Rosas gasta 470 m3/mês (50 m3 nas áreas comuns), contra 850 m3 apurados antes da crise hídrica e das medidas de economia.

DEMAIS INICIATIVAS & BENEFÍCIOS

Além da água, o Paço das Rosas apresenta outras iniciativas de racionalização do consumo: já trocou duas vezes as lâmpadas das áreas comuns – das originais fluorescentes para as compactas econômicas e, agora, destas para versões em LED. “Chegamos a uma economia de 50% em termos de quilowatt”, afirma a síndica. Ali também é feita a coleta seletiva, com separação dos tipos de materiais (papelão, plástico, vidro etc.) realizada pelos próprios moradores. “O zelador os orienta e temos um espaço para armazenamento desses itens separados, até sua retirada por um catador que os leva à cooperativa.”

No Condomínio Collina Parque dos Príncipes, um complexo de 51 mil m2, seis torres e 448 apartamentos localizado no Rio Pequeno, zona Oeste de São Paulo, a coleta seletiva não apenas existe como está sendo aprimorada. Novas instalações foram construídas para o lixo orgânico e o seletivo, já que os depósitos originais não davam conta mais de guardar o volume separado pelos condôminos. Este é recolhido duas vezes por semana através de empresa de reciclagem. O condomínio recebe pelo material valor destinado ao café e lanche dos funcionários (destinação prevista em contrato).

“As pessoas gostam da ideia da sustentabilidade, desde que não dê muito trabalho. Por isso, procuro facilitar ao máximo, incluindo campanhas feitas através de jornal interno. Sei que depende muito disso para os programas funcionarem”, afirma a síndica Maria Estela Bicudo. Segundo ela, ainda falta muito para os condôminos, de forma geral, abraçarem a causa ambiental. “Por isso tem que haver, num primeiro momento, engajamento e pré-disposição da administração.”

O Collina dispõe, ainda, de aquecimento solar da água da piscina, instalado há três anos – era a gás e a conta chegava a R$ 4.500,00 por mês (contra gasto atual de R$ 800,00/mês com energia elétrica suplementar). “Temos ainda receptores de pilhas e baterias e vamos implantar sistema de captação e tratamento da água da chuva.”

No quesito energia, o Condomínio Cristall Parque da Aclimação, na região Centro-Sul de São Paulo, espera obter uma economia anual de R$ 23.250,00 com a troca recente das lâmpadas florescentes dispostas em calha dupla (são duas lâmpadas de 40w em cada estrutura) por uma “tuboled de 18w”. “Em dez meses iremos recuperar o investimento feito”, estima o engenheiro responsável pelo projeto, Rodrigo Vieira. No empreendimento de cinco anos de idade e duas torres, houve alteração de 278 pontos de iluminação nos dois subsolos da garagem.

 

 

Fonte: Matéria publicada na edição – 213 –  da Revista Direcional Condomínios.

 

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